Egito antigo
Egito.
O mito na Antiguidade.
Na antiguidade o mito tinha como objetivo narrar uma história sagrada que ocorreu no início do tempo, e podia narrar também acontecimentos que envolviam deuses, semi deuses e humanos. Entre os povos da antiguidade existiram vários mitos chamados de “mitos da criação” que narram a criação do mundo sobrenatural dos deuses, e o mundo terreno dos homens. O mito era importante porque ele criava e organizava o mundo divino dos deuses, e o mundo terreno dos homens. A celebração do ‘mito da criação egípcio’ em uma festa tinha por objetivo não só lembrar o passado, mas de tentar ‘voltar’ ao momento da criação; essa tentativa de voltar constantemente ao momento original da criação do mundo celebra a proximidade que os egípcios tinham com os deuses. Proximidade expressa pela variedade de deuses que existiam no Egito e que eram cultuados constantemente, pois tudo no Egito lembrava os deuses: o rio Nilo, a atividade agrícola, a fertilidade, a escrita, etc. tudo era ligado a algum deus. O mito da criação era relembrado em festas para que nunca fosse esquecido o momento original da criação, e para celebrar o nascimento de um novo tempo.
É importante dizer que os vários mitos existentes na antiguidade não eram necessariamente fechados, isto é, os mitos podiam ter alguma parte alterada ao longo das gerações, com o objetivo de adicionar novos acontecimentos, ou mesmo de unir um mito a outro. O mito não tinha um sentido lógico, geralmente ele era contraditório, mas não tinha um sentido pejorativo como hoje, o mito não era mal visto na antiguidade.
O mito da criação do mundo.
Entre 3500 e 2250 a. C. formaram-se no Egito alguns mitos sobre a criação do mundo. Os mitos mais conhecidos foram criados nas cidades de: Heliópolis, Hermópolis e Mênfis. No nosso estudo vamos usar apenas o mais popular e mais antigo: O mito da criação do mundo de Heliópolis:
No começo não existia nada, somente Nun, o ‘oceano primordial’ do qual surgiu uma montanha e nela o deus Atum, o ‘completo e auto criado’. Atum criou o deus Shu, ‘a atmosfera’, e para ele uma mulher, a deusa Tefnut, ‘a umidade’. Este casal deu à luz a Geb, ‘a terra’, e a Nut, ‘o céu’, que se tornaram pais de dois casais de deuses: Osíris e sua mulher Ísis, Seth e sua mulher Neftis. O deus Atum e seus descendentes são os deuses cósmicos do Egito.
Ainda dentro desse mito ocorreu um conflito entre dois irmãos: Osíris e Seth. O deus Seth invejava as boas criações de Osíris que eram relacionadas com a produção agrícola. Seth armou uma cilada para seu irmão, assassinou Osíris, desmembrou seu corpo e espalhou as partes por diversas regiões do Egito. Porém, a deusa Ísis, irmã e esposa de Osíris, conseguiu reunir os pedaços e reconstituiu o corpo do marido. Após realizar a primeira mumificação egípcia, Ísis concebeu um filho com o cadáver do marido e deu à luz ao deus Hórus. O deus Hórus cresceu e lutou contra seu tio Seth, na luta Hórus perdeu um olho (identificado com a lua) que foi tirado por Seth, mas no final Hórus consegue derrotar Seth. Então um tribunal de deuses escolheu Hórus para governar o Egito como legítimo sucessor de Osíris.
BAKOS, Margaret. O povo da esfinge. Ed. UFRGS, Porto Alegre, 1999.
ELIADE, Mircea. Aspectos do mito. Lisboa, Edições 70, 1986.
______________. O mito do eterno retorno. São Paulo, ed. Mercuryo, 1992